E eis que estamos nos aproximando dos últimos dias de 2021.
O que você, assim como nós, planejou para esse ano que está terminando?
O que cada um e cada uma conseguiu realizar, de verdade?
Segundo ano da terrível Pandemia.
Perdas.
Partidas.
Procrastinações.
Projetos deixados de lado.
Paixões.
(até parece que brincamos com a língua do P)
Fizemos o que foi possível.
Realizamos o que era o nosso melhor.
A gente pensa que agora, cada um deveria buscar um lugarzinho silencioso, sentar em sua melhor postura de meditação e simplesmente, deixar vir na tela de sua mente, uma retrospectiva espontânea sobre o que aconteceu individualmente, durante esse ano.
Nada de prender a atenção nesse ou naquele fato, ou lembrança. Apenas, observar e deixar passar. E permitir que outra lembrança apareça e mais outra e outras mais.
Será que arrastamos culpas e constrangimentos como correntes pesadas ao longo desse ano?
Por outro lado, caramba! Podemos lembrar que tivemos acesso às vacinas, milhares de vidas foram salvas (inclusive as nossas!). Recebemos e distribuímos tantos presentes e auxílios oportunos! Fizemos novos amigos, reatamos laços importantes, deixamos outros seguirem, enfim...
Aprendemos tanto! Inclusive temos aprendido mais e mais sobre o quanto somos capazes de reinventarmos nossa prática pessoal de yoga, todos os dias.
Hoje, quando caminhamos para o final dessa etapa tão importante que é o calendário civil, queremos compartilhar com vocês uma sugestão de leitura muito antiga (dizem que vem lá de 400 a.C ) e que sempre nos arrebata e inspira muito.
É o Baghavad Gita. Já ouviram falar?
Aqui mesmo, na Internet, dando um google, você encontrará várias versões comentadas ou não e que de alguma forma, poderão te inspirar o tanto que nos inspiram também.
De qualquer forma, a gente começa explicando que esse nome pode significar “Sublime Canção” e é uma das obras mais importantes da humanidade. O texto, conforme dissemos mais acima, parece ter sido escrito por volta 400 a.C. É um trecho da bíblia do hinduísmo, Mahabharata. Alguns consideram uma narrativa religiosa, outros como estudo filosófico e há quem acredite ser um dos registros históricos do Oriente. Para nós, o Baghavad Gita é puxão de orelha e aprendizagem segura.
Resumindo bastante a gente te conta que uma família está em guerra. Primos de primeiro grau brigam pelo reinado da cidade de Hastinapura. E aí surgem dois exércitos, os Pandavas (mocinhos) e os Kuravas (vilões). E o arqueiro, Arjuna, se espanta com a proporção de guerreiros de um e outro lado: 5:100.
Se essa proporção já era uma loucura, imaginem que os exércitos são de parentes... Como guerrear contra aqueles que estimamos, amigos...
O arqueiro é Arjuna e essa vivência acontece na companhia do mestre Krishna.
Arjuna se sente incapaz de guerrear. Aí acontece uma revelação incrível: Krishna explica que a guerra não é lá fora, no campo de batalha, mas aqui dentro, com todas as possíveis guerras que devemos travar em nós mesmos, para vencer a timidez, a fofoca, a preguiça, o julgamento, a indiferença, o preconceito, enfim...
Após um tempo de resistência Arjuna levanta seu arco, parte para a guerra e ... vence.
Até aí, tudo bem e nada demais, não é mesmo?
Entretanto, o que esse diálogo tão poético nos instiga é ao desafio de nos reconhecermos um Arjuna, um arqueiro, um ser que pensa conhecer o sentido da vida, que se arrisca em julgar, emitir opiniões e ... fugir dos embates pessoais.
Retornando a história dos exércitos que guerreiam, aprendemos que os Pandavas (mocinhos) e que são nossos aliados ... são poucos e são nossas virtudes. Já Kuravas (vilões), são as centenas de defeitos e vícios com os quais lutamos cotidianamente... E quando Arjuna resiste a lutar contra eles, nomenado-os como parentes e amigos, podemos nos identificar também, com aqueles defeitos e vícios tão "amigos" aos quais estamos tão submissos que nos permitimos afundar em prazeres momentâneos. Os Pandavas, nossos aliados, talvez possamos definir como aquelas vozes íntimas que nos impelem a mudança, ao abandono do que já não nos serve, ao desapego ao que nos destrói.
O que eu quero para mim nesse novo ano?
Com quais forças vou me aliar?
Quais as atitudes que tomarei em minhas batalhas de todos os dias?
O que pretendo transformar em mim?
De quais Pandavas disponho?
Quem são meus Kuravas?
O que desejamos para vocês é o que desejamos para nós:
- Que possamos tomar posse da belezura que já somos e assim, abrindo mão de tudo o que nos impede, alcançarmos a vitória (ou vitórias) possível em 2022.
E, sim!
Procurem uma edição do "Gita", comentada, e aproveitem bastante dessa sabedoria.
Excelente passagem de Ano, Comunidade!
Haribol
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